As leis do arrendamento fazem cair os governos ou os governos caem quando estão em processo legislativo do arrendamento? Coincidência? Matéria sensível? A vários lobbys interessa manter o statu quo e não mexer nem na questão dos despejos, na reabilitação (preferem obra nova) e quanto a correção das rendas apetece-lhes antes pagar rendas de cacaracá em vez de rendas justas. Em 2005 o governo da AD de Santana Lopes/Paulo Portas caiu quando se encontrava na reta final para fazer aprovar a nova lei do arrendamento. Em 2011 o governo do PS de José Sócrates caiu quando estava em período de consultas que antecede a aprovação de importantes medidas referentes a agilizar os despejos por não pagamento de rendas, simplificação das formalidades quanto à reabilitação urbana, mexida na fiscalidade com introdução da taxa liberatória de 21,5 % e atualização das rendas antigas. Não nos acreditamos em bruxas, mas que parece que existem e que as há, há! Perante o consumismo exagerado, visível no número de casas próprias, carros novos, férias no estrangeiro, refeições em restaurantes e roupas de marca, os portugueses têm de mudar radicalmente de vida. O país está encurralado num beco. É preciso voltar atrás, bem atrás e encontrar o outro caminho com terras arroteadas, pomares verdejantes, pesca abundante, fábricas e oficinas a produzir e escolas a ensinar a fazer, porque as coisas de que necessitamos não nascem nas prateleiras dos supermercados. Não há poupança num país preso no crédito à habitação. A ausência de um mercado de arrendamento foi determinante para criar uma dívida bruta de 233% do PIB que nos arruína. O crédito concedido pelos bancos 3.649.636 milhões de euros é sensivelmente o dobro dos depósitos dos clientes 1.762.190 milhões de euros. O verdadeiro drama dos bancos nacionais é o perfil de crédito em que a dominante é o crédito à habitação própria. Porque não se financiou e promoveu o desenvolvimento industrial? Porque se apostou na construção civil em que até a mão-de-obra é importada? Nem um simples prego é de fabrico português… E agora temos casas para 15 milhões de habitantes e somos 10 milhões! A mania das grandezas é no que dá e vai ser difícil a quem ganhou hábitos de opulência, baixar à Terra e regressar à realidade. AFM |